Ponto de ouro

Um ponto para falar de fotografia…

QUANDO A BELEZA NÃO TEM CONTEÚDO 17/11/2010

Alguns dias atrás, fui buscar entre minhas imagens, algumas que pudessem fazer parte de um ensaio para enviar ao concurso da Leica-Fotografe.

E foi aí que me dei conta de uma coisa muito importante: quando fotografamos belos lugares, nos encantamos tanto com as belezas locais, que muitas vezes, “esquecemos” o que já foi aprendido e desenvolvido em fotografia. Resultado: belas imagens, imagens de cartão postal, mas sem conteúdo, sem informação ou sem um ponto que chame a atenção.

O fato é que me dei conta de que, o fotógrafo iniciante ou o estudante de fotografia, às vezes faz fotos bonitas, de lugares bonitos, fica encantado com a imagem e não consegue analisá-la criticamente. E em alguns casos, ainda acha ‘duras’ as críticas que recebe.

Na publicidade, costuma-se brincar (ou será que é sério?) que quando morre um publicitário, são necessário dois caixões: um para o falecido e outro para o seu ego. O fotógrafo deve tomar o cuidado de não seguir este mau exemplo. Se começa a pensar que as suas fotos já estão boas e que a crítica é injusta, ele corre o sério risco de parar de aprender e interromper sua evolução. Ele deve saber receber uma crítica construtiva e também ser autocrítico.

Além de todas as regras de enquadramento e composição, ele tem que saber o que quer dizer com aquela foto, qual história quer contar. Ela conta algo para quem a vê ou só o próprio autor sabe o que ele quis expressar?

Conte uma história, um fato. Insira mistério. Acrescente interesse. Claro que se tem o direito de gostar de uma imagem que ninguém compreende. O que não pode, e passar a achar-se gênio incompreendido por conta disso. Dizem, que gênio, é alguém com um bocado de talento, mas que já morreu. Então, aprenda a contar histórias, não apenas fazer cartões postais.

Para finalizar, gostaria de pedir desculpas caso alguém tenha se sentido ofendido com o que escrevi aqui hoje. Não sou mestre em fotografia para ensinar alguma coisa a alguém. Sou estudante de fotografia, dividindo com vocês os meus próprios aprendizados e este post, como já foi dito lá no início, foi baseado em observações que fiz sobre minhas próprias fotos.

Para ilustrar, a foto abaixo, que é uma foto que fiz recentemente. É uma foto que eu acho bonita, segue algumas regras, mas não conta nada para quem vê. Não é possível nem mesmo identificar onde eu estava… 😦 Fazer o quê?! É errando que se aprende. Até o céu queimou (estava com uma compacta, sem muitas opções 😦 ).

“A maioria de minhas fotos é compassiva, bondosa e pessoal. Elas tendem a deixar o espectador ver por si mesmo. Tendem a não fazer pregações. E tendem a não fazer pose de arte.” – Bruce Davidson.

Um abraço, e até a próxima!